domingo, 1 de abril de 2012

To the virgins, to make much of time (Robert Herrick)... E a minha visão deste poema...

To the Virgins, to make much of time

Gather ye rosebuds while ye may 
Old time is still a-flying; 
And this same flower that smiles to-day 
To-morrow will be dying


(tradução)
Às virgens, para que aproveitem o tempo.



Colham seus botões de rosa enquanto podem,
O velho tempo continuará voando;
E esta mesma flor que hoje lhe sorri,
Amanhã estará morrendo.

Eu conheci este poema quando era adolescente ao assistir pela primeira vez o filme Sociedade dos Poetas Mortos, onde o personagem de Robin Willians, o professor Keating fazia um apelo aos seus alunos para que tornassem suas vidas extraordinárias.

Desde então, nunca me esqueci desta belíssima expressão "Carpe Dien" que, conforme relatos históricos foi retirada de versos latinos do poeta Horácio (65 - a 8 AC). Os poemas de Horácio abordavam o reconhecimento para a brevidade da vida. A biografia de Horário justifica esta ânsia de aproveitar a vida.

Robert Herrick escreveu este belíssimo poema "To the Virgins, to make much of time", e como tenho o hábito de tentar decifrar pessoas e questionar tudo... Há anos venho tentando decifrar a personalidade de Herrick... Porque direcionou as virgens? Porque esta solicitude para que se aproveite o tempo? Porque esta preocupação de aproveitar o tempo mas com a responsabilidade do dia do amanhã?

Sempre que leio este poema e penso em Herrick, entendo que ele não era feliz... Entendo que ele  não viveu uma vida extraordinária.   Escreveu algo tão belo que  ecoa há séculos mas que configura uma certa frustração de vida... Talvez ele criou um antídoto.  Sua infelicidade o fazia exclamar para que outras pessoas não incorressem nos erros que ele incorreu e tentassem ousar a viver uma vida feliz...

Gather ye rosebuds while ye may - Old time is still a-flying - And this same flower that smiles to-day  - To-morrow will be dying .


Não entendo as frases da primeira estrofe apenas como um poema, mas como um apelo, como um clamor, como um grito... Algo que pulsava em sua vida... Herrick perdeu o pai muito cedo...  Pelas circunstâncias, ele acabou se tornando sacerdote episcopal, e talvez, não era isso que ele queria apara ele, talvez seja este  o motivo de ter direcionado "To the virgens"... Herrick aborda o amor em um contexto belíssimo, mas na história não há relatos de envolvimento de Herrick com alguém... Ou seja, em detrimento da razão ele sufocou os seus sentimentos... Isso o levou a algum tipo de sofrimento... Ele bravejou em poemas para que outras pessoas não passassem por isso. A intenção de Herrick como de Horário foi nobre!!! Foi um alerta proativo.


Enfim, Horário já se foi... Herrick já se foi... E hoje nós estamos aqui... Muitas vezes me questiono se "estou colhendo meus botões de rosa"... É tão profundo... É tão intrigante... É tão complexo... Há botões de rosa a serem colhidos (isto seria aproveitar o momento), mas e então... Não consigo me distanciar da Lei da Física (ação e reação).  Muitas vezes nossa ânsia por colher determinados botões de rosa pode culminar nossa razão que poderá nos dizer mais tarde que (colhemos antecipadamente os botões de rosa)...  Colher botões de rosa poderá trazer algum tipo de consequência? Talvez sim... talvez não... Como saber?


No mundo dos negócios, na vida cartesiana, na vida profissional conseguimos construir uma análise de swot, ou um balaced scorecard onde podemos ter indicadores... Ou premissas... Ou diretrizes...

Mas no lugar mais complexo de nossas vidas, da nossa existência... No nosso recôndito... Como mapear os indicadores? Como construir uma análise de swot? Como elaborar um balanced scorecard? Quais serão as diretrizes quando olhares se cruzam? Existem diretrizes? Os botões devem ser colhidos? E quando as rosas morrerem? Elas vão morrer? Elas irão sempre exalar o seu perfume?

Bom... eu escreveria páginas e páginas sobre este poema... Mas ainda não consegui respostas... Logo, prefiro repetí-lo... Entendo a dor que Drumond  sentiu ao escrever "Amar o que mar traz a praia, o que ele sepulta, o que na brisa marinha é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia..." Para muitos insensíveis é apenas um trecho... Mas pra mim é uma súplica... Drumond se foi também...

E então... Estamos nós...  Que de uma forma ou de outra, que possamos colher nossos botões de rosas... Que venhamos tornar nossas vidas extraordinárias... Que venhamos nos contextualizar no presente e fazer inferências futuras para tentarmos criar indicadores se devemos ou não colher tais botões. Que Deus nos dê sabedoria! Que Ele torne nossa vida extraordinária!

Gather ye rosebuds while ye may 
Old time is still a-flying; 
And this same flower that smiles to-day 
To-morrow will be dying

By Fábia Braga.


6 comentários:

  1. Oi Fábia, bom dia.
    Entrei no seu blog através do Linked in Bovespa.
    Reparei que um de seus sites não está no ar, o destracontroladoria.com
    Não sei se é você mesma que administra e cria os sites, mas caso precise trabalho com sites.

    Obrigado, bom dia e bom serviço
    Gustavo Spampinato

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    1. Olá Gustavo. Gosto muito de "tudo que circula no Bovespa". Então, o meu site está sendo construído novamente. Logo estará no ar.
      Abraços.

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  2. ...como vai fabia,
    os tempos que vivemos estão nos impingindo mudanças comportamentais que chegam a provocar um certo caos.entretanto , a História sempre nos trouxe fatos que o mundo atual e sua consequente rotina para a sobrevivencia , não tem dado a devida atenção , como ensinamento , pois todos querem se salvar de uma forma ou outra.
    ...costumo dizer que para termos uma vida saudável e feliz é imperativo que nos conheçamos , cultivemos a vontade de mudar e a coragem de se libertar e sair da zona de conforto.
    ...um dia após o outro....

    um grande abraço

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    1. Lendo teu comentário novamente lembrei-me de um trecho do livro A arte da guerra de Su Tzu. Lembra?

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  3. E interessante Luiz, o ser humano tenta se reinventar, mas ele não perde a essência de "ser humano". Ninguém está livre dos momentos de euforia e dos momentos em que queremos ouvir a voz do silêncio. Amo escrever. Apesar de ser muito "cartesiana" e trabalhar com números, gosto de escrever... Tento desenvolver a "arte de decifrar o ser humano". Mas o nosso auto-conhecimento é no "day afther day". Abraços.

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  4. OI Fábia,
    O objeto da sua pesquisa dialoga com o impossível...mas, continue...sua arte...

    Alcindo Júnior

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